quarta-feira, 18 de maio de 2011

Médicos da Uerj põem à prova sistema de cotas

(Nota: A notícia não fala de bibliotecas, especificamente, mas sem dúvida é motivo de orgulho para todos os que trabalham na Uerj. Uma mostra do pioneirismo, da qualidade e da responsabilidade e compromisso da instituição para com a sociedade. M.V.)

Os defensores falam em justiça social. Os críticos invocam a meritocracia. No acalorado debate sobre a política de cotas sociais e raciais nas universidades públicas sobram argumentos por todos os lados. Dois pontos permeiam inevitavelmente a discussão: a capacidade dos cotistas em acompanhar o ritmo das aulas e a possibilidade de queda na qualidade do ensino das universidades.

O Estado fez um levantamento no curso mais disputado (Medicina) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a primeira a adotar as cotas no País. No vestibular de 2004, foram aprovados 94 jovens (43 cotistas). Apenas oito alunos - quatro cotistas - não se formaram em dezembro do ano passado, como previsto.

O Estado localizou 90% dos jovens que chegaram à festança black-tie de formatura: 35 eram cotistas; 44, não. O caminho natural, após seis anos de faculdade, é fazer residência, o estágio de dois ou três anos em que os médicos se especializam em hospitais universitários ou da rede pública. O desafio é grande. As provas são mais disputadas que o vestibular. Nelas não há sistema de cotas. Passa quem sabe mais. É a meritocracia em estado puro.

Fazer residência garante não só mais conhecimento da medicina como salários melhores no futuro. Dos 35 cotistas localizados, 25 passaram nas provas. Os outros 9 cotistas nem tentaram entrar para residência. Ou porque não sabiam que especialidade escolher ou porque tinham pressa em trabalhar em plantões e ganhar muito mais que os R$ 2,2 mil da bolsa residência. Médicos recém-formados, mesmo sem especialização e prática, chegam a ganhar R$ 12 mil por mês, um valor inimaginável para a família de qualquer cotista. Entre os 44 não cotistas, 37 estão na residência.


(do jornal O Estado de São Paulo)

Enviado por Marcos Vasconcelos.

Um comentário:

  1. Gostaria de ver a mesma estatística para todos os cursos, principalmente na Engenharia.

    Medicina é um curso sabidamente que não há desistência. Gostaria de saber se em cursos com altos índices de evasão, se elas aumentaram ou diminuíram após a adesão do sistema de cotas.

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