quinta-feira, 31 de maio de 2012

Servidores da Rede Sirius visitam as novas instalações da Biblioteca CTC/E

No último dia 22/05/2012, servidores da Rede Sirius visitaram as novas instalações da Biblioteca CTC/E na Fábrica Triumph International, no bairro de Vila Amélia em Nova Friburgo. Além de integrar os servidores da Rede Sirius que trabalham no Campus Maracanã com os colegas das bibliotecas externas, a visita proporcionou o reconhecimento de todos com relação à capacidade de superação e de recomeçar da equipe da Biblioteca CTC/E após o desastre natural que afetou, tragicamente, a região serrana do Estado do Rio de Janeiro em janeiro de 2011, que causou a interdição definitiva da biblioteca que funcionava no IPRJ (Instituto Politécnico do Rio de Janeiro).

Parabéns a Equipe da CTC/E capitaneada pela Bibliotecária Sandra Mueller.
Saudações!

Abaixo, fotos da visita:




Enviado por Rosangela Salles.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O blog Livros de Humanas e o direito ao acesso

Não imagino maior gesto de generosidade no amor aos livros que fazer cópias e oferecê-las, gratuitamente, para a leitura do outro. Não imagino maior homenagem a um autor que a reprodução e a circulação livres e desimpedidas dos seus escritos por iniciativa de um leitor que daí não retira nenhum ganho material. Não imagino um leitor de verdade, alguém de real intimidade com os textos, que não tenha, jamais, consumido uma cópia “não autorizada” de um livro ou de parte dele – se esse leitor existe, eu nunca o vi. Os que eu conheço, desde sempre, leem textos de várias formas – comprados, emprestados de amigos ou de bibliotecas, xerocados, digitalizados – e o consumo de uma forma não é excludente em relação a outra.

A coleção de leituras de um verdadeiro leitor não é nunca um jogo de soma zero: compras, cópias impressas, empréstimos e cópias digitais coexistem e se reforçam. Mas os patrimonialistas dos direitos autorais, cuja atuação não supõe a defesa dos autores, e sim a preservação de monopólios de intermediários, querem nos impor uma ordem de coisas dentro da qual fazer cópia de um livro é crime, xerocar um capítulo é crime, digitalizar um romance é crime.

Se é assim, que fique claro: todos nós, leitores, somos criminosos. Não há um único que não seja.

A máfia dos direitos autorais quer nos convencer de que o autor está “perdendo” ou “sendo roubado” quando se copia seu trabalho, embora não haja um único estudo sobre a face da Terra que demonstre que a produção de cópias, impressas ou digitais, tenha efeito negativo sobre a venda de livros, e todas as evidências apontem justamente para o contrário: quanto mais uma obra circula, mesmo que em cópias “não autorizadas”, mais ela tenderá a vender.

O meu Alegorias da Derrota: A Ficção Pós-Ditatorial e o Trabalho do Luto na América Latina é um exemplo: ele foi publicado em 2003 pela Editora UFMG, vendeu, durante uns três anos, a mixaria que se espera que venda um livro de crítica literária especializada, deu a natural decaída e, a partir da circulação de cópias piratas na internet, em 2007-08, subiu a níveis de venda que não havia tido sequer na época do lançamento, até se esgotar por completo em 2010. Exatamente porque haviam visto a cópia digitalizada na internet, muitos terminaram comprando o livro anos depois do lançamento (entenda-se, ‘muitos’ aqui quer dizer ‘para padrões de um livro de crítica literária, de autor desconhecido’). A pirataria ressuscitou o livro, deu-lhe uma sobrevida.

Fico grato à garotada que faz cópias de meus livros. Como sou leitor, e não cão de guarda de um monopólio, sei que um leitor só copiará, para passar adiante, algo que lhe falou de forma pungente ou, pelo menos, algo que ele acredita poder fazê-lo a alguém. É evidente que deve ser, para um autor, um orgulho ser pirateado.

Chegando a falar em nome de editoras que não são filiadas a ela, a ABDR, que tem pouco a ver com a leitura e muito a ver com capitalização de frutos do trabalho alheio, decidiu processar o blog “Livros de humanas”, o maior espaço de compartilhamento de livros de literatura e de ciências humanas do Brasil. O blog surgiu do esforço abnegado de um estudante da USP que, diante da impossibilidade de adquirir todos os livros necessários para o curso de Letras, passou a formar uma biblioteca digital que serviu enormemente a milhares de leitores – que também, por sua vez, contribuíam com o esforço enviando arquivos ao blog. Incontáveis brasileiros leram livros que não teriam como ler de outra forma graças ao “Livros de humanas”. Basta saber qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, sobre o mundo dos livros, para ter a absoluta certeza de que nenhum livro digitalizado ali teve suas vendas prejudicadas pelo blog.

A ABDR, autora do processo, movido inicialmente em nome das Editoras Contexto e Forense, quer destruir judicialmente e extorquir milhões de reais desse esforço abnegado e fraterno, desse gesto de cidadania por excelência, desse incentivo à formação de leitores. Isso ocorre, lembremos, num país em que pouquíssimos leem e o sintagma “incentivo à leitura” é regularmente vomitado por gente que nada faz por ela, e que portanto tende a pensar, por sentimento de culpa ou fetichismo, que as pessoas devem, ou têm obrigação, de ler. Não, elas não têm. Mas, quando resolvem fazê-lo, merecem ser deixadas em paz.

Há um grande precedente que nos faz confiar que nenhuma leitura enviesada da lei de direitos autorais pode se sobrepor ao direito ao conhecimento, à leitura, à expressão e à livre circulação de ideias. Refiro-me à auspiciosa decisão da Justiça argentina, que absolveu o Prof. Horacio Potel, outro abnegado que disponibiliza textos de Derrida em espanhol no site “Derrida en castellano”. O site chegou a ser fechado como consequência de um processo movido pela Câmara Argentina do Livro e pela Embaixada Francesa (que, evidentemente, nunca havia feito nem nunca fez, desde então, pela difusão da obra de Derrida, 1% do que fizera o Professor Potel). O site não tinha objetivo lucrativo e possibilitava que os estudantes argentinos tivessem acesso a uma obra capital do pensamento contemporâneo que chega ao país em edições caríssimas. A Justiça agiu corretamente e mandou a CAL e a Embaixada pastarem. O Derrida en Castellano está de novo no ar.

No caso argentino, o impacto criado pela mobilização na rede foi fundamental. Que não nos envergonhemos outra vez ante nossos vizinhos. Que a Justiça brasileira nos dê a decisão correta neste caso e o “Livros de humanas” possa voltar a funcionar. E que aqueles que falam em “democratização da mídia” não se omitam ante este primeiro grande ataque oligopólico à cultura do compartilhamento de livros na internet brasileira. A mobilização começou.

(por Idelber Avellar, coluna Outro Olhar, revista Fórum)

Enviado por Teresa Silva.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Indo além das paredes da Biblioteca

A Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina (BU-UFSC) possui um interessante jornal que, neste mês, fala sobre Ambiente de Acessibilidade Informacional.

Leia mais neste link.

Enviado por Regina Tinoco.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Biblioteca da FFP promove evento sobre literatura de cordel

Será realizado nos dias 30 e 31 de maio de 2012, no salão de eventos da Biblioteca CEH/D, na Faculdade de Formação de Professores da UERJ, o evento “LEITURA NA CORDELTECA NA FFP: O CORDEL EM CENA", sob a coordenação da Profª Maria Isaura Rodrigues Pinto e André de Oliveira Rodrigues Cabral (bolsista). Abaixo, a programação do evento:

QUARTA – 30/05/2012
14h– Apresentação
14h 15min – Leitura dramatizada – Ariano Suassuna na escola
• Vanessa Gomes (UFF) e alunos do COLUNI
14h 30min – Mesa redonda I
• Iran Nascimento Pitthan (UNIPLI e FFP/UERJ) e Maria Betânia Almeida Pereira (UNESA) – O feitiço de contar histórias
• Muna Omran (Bibliaspa)  – O mito de Sherazade: a contação pela       sobrevivência
15h 30min – Mesa redonda II
• Beatriz dos Santos Feres (UFF), Aldalea Figueiredo dos Santos (UFF), Gabriela Antunes (UFF) e Fernanda Brandão (UFF) – Sala de leitura e cordel: uma  experiência na formação de leitores
16h 30min – Comunicação
• Andréa Rodrigues Naylor (FFP/UERJ) – Oralidade como objeto de  ensino
16h 50min – Roda de contação de histórias nordestinas
• Teresinha de Jesus (UFF)
17h 30min – Encerramento

QUINTA – 31/05/2012
14h – Leitura dramatizada do folheto O príncipe do Barro Branco – com a participação de alunos da FFP/UERJ
14h 20min – Mesa redonda I
• Bruno César Ferreira Vieira (FFP/UERJ) – A perspectiva homoerótica em produções de cordel contemporâneas
• Maria Isaura Rodrigues Pinto (FFP/UERJ) – A linguagem do cordel
15h – Mesa redonda II
• Amanda da Silva Ramos (FFP/UERJ) – A questão temática no âmbito da literatura de cordel
•André de Oliveira Rodrigues Cabral (FFP/UERJ) – Tereza Batista: investimentos poéticos que norteiam a aproximação com o cordel
•Felipe Vieira Valentim (FFP/UERJ) e Tharlles Lopes Gervasio (FFP/UERJ)  – Cordel: história e ensino
16h – Encontro com poetas populares – presença especial do poeta Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da ABLC
18h – Café do Gonçalo
19h – Encerramento

Enviado por Rejane Rosa.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Bibliotecas no meio de duas polêmicas

As bibliotecas estiveram presentes em duas polêmicas que correram na internet semana passada.

A primeira foi provocada por um artigo do jornalista Luís Antônio Giron, publicado em seu blog da Revista Época no qual relatava uma experiência que considerou desastrosa ao visitar a biblioteca pública de seu bairro (não disse qual era), onde não encontrou o que buscava. O trecho que provocou dezenas de comentários, muitos irados, de bibliotecárias, foi o seguinte:

“Cheguei de mansinho, talvez pensando em reencontrar nas prateleiras os livros que mais me influenciaram e emocionaram. Topei com prateleiras de metal com volumes empoeirados à espera de um leitor que nunca mais apareceu. O lugar estava oco. A bibliotecária me atendeu com aquela suave descortesia típica dessa categoria profissional, como se o visitante fosse um intruso a ser tolerado, mas não absolvido. Eu sei que as bibliotecárias, entre suas muitas funções hoje em dia, sentem-se na obrigação de ocultar os volumes mais raros de suas respectivas bibliotecas. Bibliotecas mais escondem do que mostram. Há depósitos ou estantes secretas vedadas aos visitantes. São as melhores – e, graças às bibliotecárias, você jamais chegará a elas.”

A segunda polêmica foi a do fechamento do site http://www.livrosdehumanas.org/ por iniciativa da ABDR – Associação Brasileira de Direitos Autorais, sob a acusação de violação de direitos de autores e editores. É a terceira vez que o site é fechado por problemas semelhantes. Josélia Aguiar publicou em seu blog Livros Etc. uma entrevista com Thiago (sem sobrenome), apresentado como coordenador do site. O entrevistado responde a uma das perguntas:

“Sou estudante, recém-formado e me preparando para o mestrado da Letras-USP. Em 2009 a xerox do curso – ilegal para a ABDR, mas sem a qual ninguém consegue estudar na USP ou em qualquer outra universidade brasileira – aumentou o valor da página fotocopiada para R$ 0,15, acréscimo de 50%. Isto motivou um grupo de estudantes a compartilhar o conteúdo de suas disciplinas em sites como 4shared e mediafire. O blog funcionava como um indexador destes links.”

Ele não informa a razão pela qual “ninguém consegue estudar na USP ou em qualquer outra universidade” sem apelar para as reprografias. Eu afirmo aqui, com todas as letras: porque as bibliotecas universitárias são MUITO ruins, perdendo apenas para as bibliotecas públicas em geral na qualidade.

Antes que bibliotecárias e defensores da reprografia me ataquem, vou logo dizendo: a questão do acesso público aos livros é uma bandeira que defendo há muitos anos, e as bibliotecárias (os) NÃO SÃO responsáveis pela situação precária das bibliotecas brasileiras. E os fatos que discuto aqui também têm exceções, as sempre bem-vindas e necessárias exceções que confirmam a regra. Não quero incorrer no principal “pecado” do Giron, segundo suas atacantes, que é o da generalização indiscriminada.

Vou tentar esmiuçar um pouco as questões: Quem primeiro reconhece a situação precária do sistema de bibliotecas públicas brasileira é o próprio Ministério da Cultura, que encomendou uma ampla pesquisa, feita pela FGV, sobre a situação. O link para os dados da pesquisa é http://migre.me/9ajHC. Os dados são, literalmente, estarrecedores. No que diz respeito à crítica do Giron, vale ressaltar os seguintes dados sobre o perfil dos “dirigentes” (responsáveis) pelas bibliotecas públicas: 1% deles completaram apenas o ensino fundamental 1 (antigo primário); 2%, o ensino fundamental II (antigo ginásio); 40%, o ensino médio; e 57% completaram o ensino superior. Entretanto, apenas 11% desses dirigentes são bibliotecários (ou bibliotecônomos, ou “cientistas da informação”, como recentemente andam sendo chamados); 18% são pedagogos; 7% formados em letras; 4% em história e o resto em outras graduações.

A possibilidade de que quem o atendeu com a tal “suave descortesia” seja uma bibliotecária é bem remota. Mas isso não importa. O fato é que o nível de capacitação do pessoal de bibliotecas deixa a desejar. Não por serem bibliotecários (as). Muito pelo contrário. Trata-se simplesmente de parte do problema de qualificação geral do pessoal para o sistema. A sensação de descaso descrita pelo Giron, infelizmente, é verdade para muitas bibliotecas, e também não é verdadeira para outras. Há experiências comprovando todas. Assim como há bons e maus funcionários públicos em geral (e acredito que a maioria seja competente e interessada em bem desempenhar seu serviço ao público), existem bons e maus atendentes de bibliotecas. C’est la vie.

Dito seja que não concordo com a posição antiga defendida pelo Conselho Federal de Biblioteconomia de que o responsável por cada biblioteca deva necessariamente ter graduação na área. Considero essa posição corporativista e irreal (se o CFB mudou ou matizou sua posição, alvíssaras). Com a aprovação da lei que dá prazo para que as escolas tenham bibliotecas, não há condições de que isso seja cumprido. A solução está no desenvolvimento de sistemas nos quais profissionais bibliotecários supervisionem o funcionamento de várias bibliotecas e que o atendimento de frente seja feito por técnicos de ensino médio e VOLUNTÁRIOS. Devidamente capacitados.

Quem já visitou o magnífico prédio da Rua 42, em Nova York, principal sede da Biblioteca Pública da metrópole, sabe que praticamente todo o atendimento de frente é feito por voluntários. A maioria é de senhoras que se dispõem a doar algumas horas por semana para ajudar a Biblioteca, e só se chega a consultar um bibliotecário(a) quando se trata de questões técnicas relevantes. A Biblioteca organiza e capacita esses voluntários, de modo que haja sempre um atendimento correto, eficiente e simpaticíssimo por parte dessas senhoras voluntárias. E isso tudo diz muito também sobre a integração da biblioteca com a comunidade a que serve.

O importante é salientar que, desde antes do Censo, os responsáveis pelas políticas públicas de bibliotecas do Brasil vêm desenvolvendo esforços enormes para melhorar essa situação. Ainda existem municípios que não têm nenhuma BP, e a situação da maioria é lamentável, sem dúvida nenhuma.

Não vou aqui listar as medidas que vêm sendo tomadas pela administração do Galeno Amorim na Biblioteca Nacional, onde o Sistema Nacional de Bibliotecas conta com a colaboração de uma profissional competentíssima, Elisa Machado. Tampouco vou assumir aqui o papel de defensor do sistema de bibliotecas públicas de São Paulo, dirigido por Maria Zenita Monteiro. O sistema, sob a administração do Carlos Augusto Calil na Secretaria de Cultura, tem melhorado muito nos últimos anos, inclusive com consulta via Internet do acervo. E não é justo confundir a readequação de bibliotecas (com sua transformação em bibliotecas temáticas) com a extinção de bibliotecas. E uma boa reportagem com as duas profissionais mencionadas pode dar luz à dimensão dos problemas e dos esforços que estão sendo feitos.
Porque também tem outra coisa. Políticas públicas não resolvem os problemas (no caso, de acesso aos livros e à leitura) da noite para o dia. Sua maturação é lenta e depende também de ações na área da educação e das políticas sociais em geral. O importante é que o problema está sendo enfrentado não apenas pelos mencionados, como também por muitos outros administradores públicos Brasil a fora. O que não justifica, obviamente, que uma grande maioria pouco se importe com o problema. Na verdade, esses administradores que não colocam as bibliotecas como prioridade são parte do problema.

E o fechamento do site? São vários pontos envolvidos nisso. Em primeiro lugar, e como questão mais importante, é que as bibliotecas universitárias são, no meu entender, esquizofrênicas. Há um enorme esforço para atualização de acervos e atenção aos usuários dos programas de pós-graduação, particularmente na área das ciências naturais. As aquisições de acervos eletrônicos, de revistas técnico científicas, é muito significativa.

Mas, na área da graduação, a situação é lamentável. Não existem exemplares em quantidade suficiente para o atendimento minimamente decente para os alunos. As malfadadas “pastas dos professores” e a reprografia foram a resposta capenga para isso. Sem falar em “universidades” particulares de pequenas cidades das quais se diz que alugam bibliotecas para passar pela avaliação do MEC e receber licença de funcionamento, e que depois são devidamente devolvidas aos “empreendedores” (e põe empreendedorismo nisso!) que as alugaram. Não conheço nenhum caso concreto, mas os rumores abundam.

A ABDR foi originalmente concebida como uma instituição de licenciamento de reproduções, medida que corre paralela à defesa dos direitos autorais (que são originalmente dos AUTORES, e subsidiariamente das editoras, note-se). Essa proposta inicial foi desvirtuada aqui no Brasil, e a ABDR se transformou em uma agência basicamente repressiva, promovendo o fechamento de copiadoras e de sites como o mencionado.

O resultado dessa política equivocada é a mobilização dos estudantes contra as ações da ABDR. Pior ainda, identificando a questão do Direito Autoral como algo de interesse simplesmente das editoras, quando diz respeito fundamentalmente aos autores, que merecem e devem receber remuneração por seu trabalho. Daí que, em vez de pressionar por melhores bibliotecas, apela-se para o “jeitinho”: pastas de professores, sites de compartilhamento. A questão de fundo se perde, e as bibliotecas continuam sendo péssimas (a vontade é a de usar outro adjetivo, mas o decoro o impede).

Outro problema diz respeito às obras “órfãs”, livros que possivelmente ainda estão sob proteção da lei de direitos autorais, mas não disponíveis no mercado. É um problema sério, objeto de discussão em vários foros, inclusive internacionais.

O triste disso tudo é que, pela ineficiência e insuficiência das bibliotecas – públicas e universitárias – todos são prejudicados: alunos e o público em geral pelas dificuldades de acesso; autores e editores pela perda de renda decorrente da reprodução não autorizada.

Finalmente, uma última palavra sobre os editores. Independentemente da questão das bibliotecas, Ed Nawotka, o editor do site Publishing Perspectives, uma vez publicou um aforismo que gosto de repetir: livro pirateado é o que não foi colocado no mercado com preços e condições aceitáveis para os consumidores/leitores.

(Por Felipe Lindoso - jornalista, tradutor, editor e consultor de políticas públicas para o livro e leitura. Foi sócio da Editora Marco Zero, diretor da Câmara Brasileira do Livro e consultor do CERLALC – Centro Regional para o Livro na América Latina e Caribe, órgão da UNESCO. Publicou, em 2004, O Brasil pode ser um país de leitores? Política para a cultura, política para o livro, pela Summus Editorial. Mantêm o blog www.oxisdoproblema.com.br)

Enviada por Mirna Lindenbaum.

terça-feira, 22 de maio de 2012

A cultura da crítica

Eu acredito que só critica quem tem boa auto-estima. E prezo muito quem sabe exercitar a crítica direcionada ao mesmo tempo em que aceita ser criticado. Quem não aprendeu isso bullinando ou sendo bullinado no jardim da infância, vai aprender tarde. E daí, pode ser tarde demais para lidar com a cultura da crítica.

O xilique mais recente no mundo bibliotecário gira em torno do artigo “Dê adeus às bibliotecas“, que eu pessoalmente acho que contêm nada além de verdade quanto ao seu relato. No caso particular deste texto, me parece que a controvérsia gira em torno da confusão bibliotecária entre o público e privado (típico do brasileiro cordial, para bem ou para mal) e de interpretação do texto.

Um dos problemas essenciais da crítica é que ela exige uma carga de comparação. Só é capaz de criticar algo com consistência quem tem a habilidade de avaliar o melhor e o pior em uma escala de criticismo.

Sempre me pareceu que aos bibliotecários falta um pouco do senso de comparação (ou em termos técnicos, de benchmarketing) para entender que muitas vezes o teor da crítica diz muito mais a respeito do que se deseja e o que poderia ser, do que uma crítica aberta descompromissada.

Eu que eu sou notoriamente reconhecido por críticas ácidas direcionadas às bibliotecas (e consequentemente aos profissionais que nelas se encontram) procuro sempre me posicionar de forma participativa na resolução da própria crítica, quando negativa, e evidenciar as boas práticas, quando a crítica é construtiva. O mundo não funciona assim?

Mas as critícias sempre aparecem (a propósito, recentemente fui criticado em uma mensagem privada pelo pesquisador do IBICT Miguel Angel Arellano por eu ter criticado o SEER, comparando-o a um outro modelo de editoração acadêmica, com dizeres do tipo “que tipo de cientista você é? que comentário mais besta”) e temos que saber lidar com elas. E mais ainda, quando nós formos os alvos da crítica, saber ouvir e nos preocupar em atender.

Por que não há crítica realmente fundamentada que seja inconsistente. Eu nunca vi.

Para todos os outros casos, leiam esse texto, Zen e Arte da crítica construtiva, que eu fiz questão de traduzir como a minha contribuição à todo o bate-cabelo do artigo da Época.

Quem busca o melhor não vai se dar por satisfeito. E tô com a Dora e não abro.

(por Moreno Barros, do site Bibliotecários sem Fronteira.)


Enviado por Ana Pitança.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

UERJ e Prefeitura Municipal de Teresópolis assinam importante acordo de cooperação técnica

A UERJ e a Prefeitura de Teresópolis assinaram na sexta-feira (18/05), um termo de cooperação técnica que estabelece, entre outras medidas, a cessão de um terreno com dimensões adequadas para abrigar as novas instalações do campus de Teresópolis, atualmente ocupando um pequeno prédio alugado no centro da cidade, onde é ministrado o Curso de Turismo.

Em cerimônia realizada no Salão nobre da Prefeitura, contando com a presença de várias autoridades, o Reitor da UERJ, Prof. Ricardo Vieira Alves enfatizou o papel das universidades no desenvolvimento social e econômico das cidades, citando como exemplo a Unicamp, em Campinas, que surgiu como um centro estratégico para formação de mão de obra capacitada, contribuindo decisivamente para a transformação daquele município em um grande pólo de ensino e pesquisa.

A UERJ pretende com o novo campus, ampliar a oferta de cursos na cidade, e, seguindo as experiências bem sucedidas em outros municípios do Estado do Rio de Janeiro, contribuir para o seu desenvolvimento sócio-econômico, buscando atender às demandas da região, oferecendo ensino gratuito e de qualidade para a comunidade local e adjacências.

Após o evento, o Reitor Ricardo Vieira Alves prestigiou a Biblioteca CTC/T com uma visita as suas instalações, e aproveitou a oportunidade para conversar com a equipe sobre as demandas atuais, as atividades desenvolvidas com os discentes e docentes, os recursos humanos e financeiros existentes. Sensível em relação à seleção e desenvolvimento da coleção da biblioteca, o Reitor autorizou a liberação de uma verba especial para esse fim, de forma à atender as exigências de um curso em formação, com avaliação de reconhecimento prevista para o segundo semestre de 2012.

Salão Nobre da Prefeitura
Salão Nobre da Prefeitura

Biblioteca CTC/T

Biblioteca CTC/T


















Enviado por Christina Bottari.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Projeto de Lei obriga editoras a doar livros para bibliotecas estaduais

A Câmara analisa o Projeto de Lei 3085/12, do Senado, que obriga as editoras a realizar o depósito legal de pelo menos um exemplar de suas publicações na Biblioteca Nacional de Brasília e em todas as bibliotecas estaduais e do Distrito Federal. Atualmente, a Lei 10.994/04 prevê o depósito obrigatório apenas para a Biblioteca Nacional, localizada no Rio de Janeiro.

O autor da proposta, senador José Sarney (PMDB-AP), diz que, apesar de sua relevância, as bibliotecas públicas brasileiras encontram enorme dificuldade de renovação e atualização de seus acervos. “O Brasil possui uma importante estrutura de bibliotecas sob responsabilidade dos estados, mas que padecem de subaproveitamento devido à limitação de seus acervos.”

Segundo Sarney, além dos problemas financeiros, existem também dificuldades decorrentes das limitações da estrutura de distribuição de livros no Brasil. “A concentração das principais redes de livrarias nos grandes centros urbanos tem desestimulado a distribuição de produtos culturais para as cidades de menor porte e para as localidades mais distantes”, afirma.

Leia mais:

(da Agência Câmara.)

Enviado por Marcos Vasconcelos.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

You say goodbye and I say hello!

N. do E.: O texto "Dê adeus às Bibliotecas", do jornalista da Época Luis Antônio Giron teve uma repercussão bastante negativa na classe dos bibliotecários. Aqui, um contraponto. (M.V.)
"Este texto é a minha resposta pessoal para a nota que li do Luís Antônio Girón, Dê adeus às bibliotecas, publicado em 15/05/2012 na revista Época Online.

O título é um pedido difícil de ser cumprido, até mesmo para o autor: “Dê adeus às bibliotecas”. É imperativo: dê adeus, despeça-se e logo! (Importante notar que, ao final do texto, ele diz que tem a intenção de dizer adeus, mas que, efetivamente, não consegue. E não diz. Sim, é difícil)

Recebi o link na terça mesmo, mas não achei o que o buzz em torno do texto seria tanto. Nessas circunstâncias, o diálogo com bibliotecários é quase sempre tão inviável devido à toda a balbúrdia, que muitos que têm uma opinião levemente distinta da maioria acabam desistindo dele. Mas eu ainda não desisti, mesmo lendo mais uma matéria que coloca do dedo na ferida da biblioteconomia brasileira. Enfim…

Esse texto terá duas partes. Na primeira, responderei o que mais me inquietou no texto do Luís. Na segunda, tentarei argumentar com as reclamações que li dos bibliotecários, referentes ao texto.

Leiam o que eu tenho a dizer por sua própria conta e risco.

É fácil recair no estereótipo, na ‘descortesia típica’, nutrida por anos a fio, advinda de um ensino formal tipicamente tecnicista (e ninguém pode negar isso), voltado mais para a organização e preservação de acervos do que para as pessoas. É isso o que somos, ainda, em nosso “núcleo duro”, de fato. Mas isso está mudando, a passos de formiga, mas está (sejamos otimistas, né?). Bibliotecários estão se vendo obrigados a ser cada vez menos técnicos e mais sociais e sociáveis. Quanto a qualquer adjetivo referente aos bibliotecários do passado, eu me abstenho: vivo o hoje e sou outro tipo de profissional. Ao menos isso não mexe mais com meus brios.

Confesso que fiquei bastante chocada quando a suposta bibliotecária te disse “Por que não consultou o catálogo pela internet?”. Você definitivamente teve um dia de azar ao se deparar com alguém tão pouco profissional em um ambiente que ainda lhe é tão caro.

Quanto aos volumes raros Luís, eles não são ocultados, mas preservados. E de fato é simplesmente uma norma: não realizarmos o empréstimo deste tipo de material tão especial. Sim, somos chatos e respeitamos as normas, na maioria das vezes, sempre que possível – isso ainda faz parte da nossa profissão. Quanto a políticas específicas de digitalização para este acervo mais que especial, qualquer movimento nesse sentido exige um budget um tanto quanto alto eu diria, ou seja, isso não é viabilizado com tanta facilidade (embora seja muito interessante). Sim, as coisas são um pouquinho mais lentas e mais difíceis de se conseguir do que imaginamos – ainda mais quando se trata de bibliotecas públicas brasileiras (...)."

Leia mais:

(do blog Index-a-Dora, da bibliotecária Dora Garrido.)

Enviado por Teresa Silva.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Dê adeus às bibliotecas

"Instituições como a Biblioteca Nacional podem desaparecer ou ser vetadas à consulta em carne e osso."

Nostalgia é o oitavo pecado capital destes tempos. Você pode ser retrô e reciclar informações do passado com o glamour e a retina exata do presente. Ser nostálgico e sentir saudade é pecar. Por que sentir falta de um passado que era mais atrasado, mais ridículo e mais sujo do que o presente? Como sei que o presente é o futuro passado e que os brilhos atuais vão parecer foscos aos olhos judiciosos do amanhã, continuo a gostar da nostalgia. Recaio sempre nela, e sinto o olhar reprovador de quem está por perto e nota a infração. Para horror de minha mulher, guardo uma edição da Encyclopedia Britannica, edição de 1962. Pior, vivo consultando seus verbetes absoluta e encantadoramente desatualizados. Agora que a Britannica deixou de ser publicada em papel e migrou inteirinha para a internet, só me resta o prazer táctil de folhear a minha velha prensagem da obra. Não posso evitar ser um ser pré-internético, pré-google, pré-instagram e o diabo a quatro.

Em um desses meus acessos incuráveis de nostalgia, cometi o crime de visitar a biblioteca pública do meu bairro. Cheguei de mansinho, talvez pensando em reencontrar nas prateleiras os livros que mais me influenciaram e emocionaram. Topei com prateleiras de metal com volumes empoeirados à espera de um leitor que nunca mais apareceu. O lugar estava oco. A bibliotecária me atendeu com aquela suave descortesia típica dessa categoria profissional, como se o visitante fosse um intruso a ser tolerado, mas não absolvido. Eu sei que as bibliotecárias, entre suas muitas funções hoje em dia, sentem-se na obrigação de ocultar os volumes mais raros de suas respectivas bibliotecas. Bibliotecas mais escondem do que mostram. Há depósitos ou estantes secretas vedadas aos visitantes. São as melhores – e, graças às bibliotecárias, você jamais chegará a elas.

Na recepção daquela pequenina biblioteca municipal, eu me senti uma assombração do passado a importunar a ordem do agora.

“Procuro uma coletânea de contos fantásticos de Aluísio Azevedo”, disse à senhora. “O senhor trouxe a referência?” Não. “Por que não consultou o catálogo pela internet?” Sei lá por quê, eu só queria parar por aqui e ler uns livros difíceis de encontrar e talvez levar emprestados... “Os empréstimos são limitados a quatro volumes e a devolução acontece em 15 dias”, ela metralhou, com os olhos pregados no monitor velho e encardido do computador. Por fim, depois de dar um pequeno passeio pelo interior da biblioteca, voltou para informar que não tinha o livro que eu buscava. Virei as costas, imaginando o alívio da funcionária em me ver ir embora. Agora ela podia regressar a sua preguiçosa solidão.

Leia mais:

(por Luís Antônio Giron, editor da seção Mente Aberta da revista ÉPOCA)

Enviado por Marcos Vasconcelos.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A descoberta de dois exemplares raros de Johannes Kepler no Brasil

Foram descobertos dois exemplares do Tratado Harmonices Mundi (Harmonia do mundo) de Johannes Kepler (1571/1630), astrônomo, astrólogo e matemático. Os volumes são datados de 1619, são raros, trazem gravuras que explicam as órbitas dos planetas em torno do Sol e os poliedros que explicam "o segredo do mundo". Segundo bibliófilos, há menos de duas centenas de exemplares da edição original em todo mundo. Nos Estados Unidos, há somente dois exemplares completos: um na Biblioteca do Congresso e outro na Universidade de Brown. Agora também na Biblioteca Nacional (Brasil). Marco Lucchesi da Academia Brasileira de Letras, afirma tratar-se de um "livro maravilhoso não apenas como objeto, mas pela poética de sua cosmovisão, pelo diálogo ecumênico entre antigos e modernos". Essa descoberta projeta internacionalmente a Biblioteca Nacional, porém expõe sua precariedade, de acordo com Ana Virginia Pinheiro, Coordenadora da Divisão de Obras Raras, as "obras de Kepler passaram despercebidas ao longo dos anos, estavam entre muitas salvas da censura e da danação". O 5 andar está repleto de obras danadas e sem registros. Isso torna a Real Biblioteca, um alvo fácil para furtos. Marcos Lucchesi afirma: " É preciso que os acervos públicos recebam atenção redobrada. Estamos sempre e por toda a parte em defict no que diz respeito a preservação".

(Fonte: GIRON, Luis Antônio. A descoberta de dois exemplares raros de Johannes Kepler no Brasil. Mente Aberta: Livros. Época. São Paulo: Ed.Globo, n.729, p. 107-112, 7 de maio, 2012.)


Enviado por Ester Aparecida (CTC/F).

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Lançado edital da FAPERJ para Apoio às Universidades Estaduais do Rio de Janeiro

Foi lançado em 26/04/2012 o Edital FAPERJ Nº 20/2012 tem como objetivo "Apoio às Universidades Estaduais do Rio de Janeiro – Uerj, Uenf e Uezo – 2012.

As Bibliotecas da Rede Sirius poderão, junto às Unidades Acadêmicas e Centros Setoriais, propor projetos para: aquisição e manutenção de equipamentos, a execução de obras de infraestrutura e despesas de custeio.

O Planad está à disposição das bibliotecas para orientar a elaboração de projetos e levantamento orçamentário.

Veja mais:
Edital FAPERJ n.º 20/2012
Apoio às Universidades Estaduais do Rio de Janeiro – Uerj, Uenf e Uezo – 2012
Lançamento do edital: 26/04/2012
Submissão de propostas on-line: de 26/04/2014 a 05/07/2012
Entrega de cópia impressa da proposta: até 13/07/2012
Divulgação dos resultados: a partir de 06/09/2012 

Enviado por Regina Tinoco.

Bibliotecas da Uerj são contempladas em edital da FAPERJ

No dia 04 de maio de 2012 foi divulgado o resultado do edital FAPERJ nº 06/2012 -  Apoio à Atualização de Acervos Bibliográfico – 2012 no qual a UERJ foi contemplada com os 3 (três) projetos submetidos. Consolidou-se mais uma vez, o sucesso da parceria entre SR-1, SR-2 e Rede Sirius em beneficio da excelência acadêmica.

Abaixo, os professores que propuseram os projetos:

Alice Ribeiro Casimiro Lopes - CEH/CCS UERJ: aquisição de acervo
Israel Felzenszwalb - Aquisição de acervo para o CBIO UERJ
Luis Antonio Campinho Pereira da Mota - Aquisição de acervo: UERJ - Centro de Tecnologia e Ciências

Veja mais em http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=8112

Enviado por Marcos Vasconcelos via Angela Velho, Regina Tinoco e Rosangela Salles.

Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões/PROEPER da Uerj inaugura exposição sobre orixás

(clique na imagem para ampliá-la)

Enviado por Luciana Avellar.