segunda-feira, 2 de maio de 2011

Literatura ou Biblioterapia: Biblioterapia ou Literatura?

Aqui, na Biblioteca Comunitária, o mês de abril teve todos os seus dias dedicados à mulher, pois no dia 30 comemorou-se o seu dia. Belos quadros de fundo amarelo apresentaram as protagonistas de alguns romances de Jorge Amado: Dora (Capitães da Areia), Tieta, Gabriela e Tereza Batista Cansada de Guerra, em exposição ainda, na própria biblioteca.

Jorge Amado soube como nenhum outro escritor, retratar o universo feminino em seus livros. Tieta do Agreste e Gabriela, Cravo e Canela foram publicados em muitas línguas, estampando essas protagonistas em belas capas eslovenas, gregas, inglesas, portuguesas, argentinas, israelenses, espanholas, alemãs, americanas, chinesas, persas, italianas, polonesas, tchecas, cubanas, dinamarquesas, estonianas, eslovacas, húngaras e suecas. Já Capitães da Areia, a partir de sua publicação em 1937 foi publicado em 48 idiomas e dialetos.

As Oficinas Literárias aconteceram de 2. a 6. feira das 14:00 às 16:00h. Foram lidos, comentados e debatidos alguns capítulos de dois livros: Tieta do Agreste e Capitães da Areia. Deste, chegou-se à conclusão de que Jorge Amado, já na década de 30, denunciava o descaso e a necessidade de ser dada maior atenção aos menores abandonados, na época, mais de cem... E hoje, então?

Além de outros componentes da Oficina, tivemos a presença de um morador da Cidade de Deus que nos colocou a par da necessidade que têm os moradores de comunidades tão carentes de tudo: de infra-estrutura, da irmã, namorada, noiva, esposa e mãe que ama e cuida (vendo isso, no livro também, na figura da menina de treze anos, Dora), de segurança, emprego, comida, cultura...
Esse leitor comentou que havia entrado na biblioteca para ler seu próprio livro Capitães da Areia, quando foi comunicado pelo bibliotecário Nauro, que estava atendendo no balcão aos usuários da tarde, que acontecia na Sala Jorge Amado, localizada na própria Biblioteca Comunitária, a leitura em grupo desse livro. Tendo se interessado em nos conhecer, foi convidado a participar da Oficina. Seu depoimento foi valoroso. Esse rapaz colaborou no filme "5x favela- Por Nós Mesmos". Ele, com certeza não estava ali naquele momento por coincidência, mas sim por uma grande sincronicidade. Ele estava se atualizando ao ler esse livro, como já mencionado, publicado em 1937, pois iria depois, na própria UERJ, dar uma palestra nesse mesmo dia.

Já no livro Tieta do Agreste, publicado em 1977, vimos a preocupação do autor, através da protagonista , com o meio ambiente, além é claro da figura sensual da tão cantada em prosa e verso, mulher brasileira. Com a sua linguagem tão realista e ao mesmo tempo lírica, se assim acredita quem lê este comentário, nós mulheres, nos transportamos para aquele momento único, vivido por uma mulher, que é o da passagem da virginal adolescente Tieta se transformando em mulher... Medo, curiosidade, insegurança, instinto... Tudo isso foi muito bem debatido.

Houve também a projeção do filme Tieta que, classificado como comédia, nos levou muitas vezes ao riso e a frases como ”Eu queria ser Tieta, mas no meu tempo a sociedade condenava (e ainda condena... Casei virgem...)”. Em Tieta, com toda a maturidade de uma mulher, percebemos também muito amor e a preocupação com o bem estar de seus pais, irmãs e sobrinhos, que nem mereciam...

Através do filme Gabriela Cravo e Canela, sentimos de perto a mulher pobre, tão carente e ao mesmo tempo, tão infantil! Sedutora sim, mas de uma beleza natural, singela e muito pura. O momento em que Gabriela alisa um pássaro na gaiola e o deixa voar é de uma beleza indescritível. Simboliza a liberdade.

Não houve demanda pela projeção do filme Dona Flor e Seus Dois maridos e nem pela leitura do romance Teresa Batista Cansada de Guerra, porém a Biblioteca Comunitária está aberta para sugestões e até mesmo para quem quiser participar dessas oficinas na sua sala denominada “ Sala Jorge Amado.”

Viva então, as mulheres brasileiras, mistura de Dora, Tieta, Gabriela, Dona Flor e Tereza Batista... Tão cansadas de guerra e ao mesmo tempo, com toda sua sensualidade, paixão e luta, sendo mesmo assim, tão idealistas e amorosas. Como diz Erasmo Carlos na música "Mulher"...

"Mulher Mulher
Na escola
Em que você foi
Ensinada
Jamais tirei um 10
Sou forte
Mas não chego
Aos seus pés..."

Palmas para ela...
Palmas para nós.
Palmas para mim.

Aceita-se sugestões através do e-mail enypires@gmail.com ou pelo telefone 2334-0086.

Veja fotos das oficinas já acontecidas, neste álbum:

Enviado por Eny Pires.

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