segunda-feira, 4 de junho de 2012

Os poderes da Biblioteca

Centralização de funções indica novos rumos da FBN, mas é alvo de críticas do setor

No fim de abril, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, anunciou oficialmente que a Fundação Biblioteca Nacional (FBN), presidida por Galeno Amorim, centralizará todas as políticas relacionadas a livros e leitura no país. Semanas antes e após o anúncio, três vazamentos de água causados por uma falha no sistema de refrigeração atingiram mais de dois mil periódicos e manuscritos da sede da Biblioteca Nacional, no Centro, e do anexo, na Praça Mauá. O estado da coleção — a maior da América Latina — e do edifício bicentenário contrasta com o anúncio da acumulação de atribuições da FBN.

Em entrevista na sede da Biblioteca, com o ar condicionado desligado para evitar novos vazamentos, Amorim sustenta que o setor de livro e leitura ganha força ao ter suas políticas concentradas numa só instituição.

— No ano passado, a Biblioteca Nacional, as políticas nacionais e a área internacional saíram fortalecidas — afirma o presidente da fundação.

A nova estrutura, que concentra sob a FBN essas três áreas citadas por Amorim, está na Casa Civil para apreciação mas, na prática, já ocorre desde janeiro de 2011, quando ele assumiu a presidência. Entretanto, apesar do alegado fortalecimento, tanto a Biblioteca Nacional quanto as políticas nacionais e internacionais vêm recebendo críticas. 

Programa paralisado em 2011

Além dos problemas na preservação do edifício da Biblioteca Nacional, o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) ficou paralisado em 2011. Em abril do ano passado, o então secretário-executivo do PNLL, José Castilho, deixou o cargo que ocupava desde 2006, motivado pela centralização de poderes da FBN. Desde então, até abril deste ano, o programa não apresentou novas ações de fomento à leitura, sendo alvo de críticas do Colegiado Setorial de Livro, Leitura e Literatura. Galeno Amorim argumenta que o ano passado foi dedicado à formulação das ações do PNLL para 2012, anunciadas há pouco mais de um mês, com investimento de R$ 373 milhões — uma verba que não pode ser utilizada para outra finalidade por ser oriunda do Fundo Nacional de Cultura. Boa parte desse montante, no entanto, corresponde a recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, que já estavam reservados anteriormente para a construção de bibliotecas, e não significam um novo investimento da FBN.

Por fim, o principal símbolo do projeto da FBN de difusão internacional da literatura brasileira ainda está indefinido. Em 2013, o Brasil será o convidado de honra da Feira do Livro de Frankfurt, principal evento do mundo para o setor, e precisa apresentar detalhes de sua programação já na edição deste ano, que acontece de 10 a 14 de outubro. Mas o comitê organizador da participação brasileira ainda não foi sequer oficializado. Representantes de instituições culturais da cidade alemã ouvidos pelo GLOBO criticam a lentidão no andamento dos preparativos, que incluem, além da feira, uma série de eventos culturais. 

(Fonte: Globo.com)

Enviado por Paula Vieira.

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