N. do E.: O texto "Dê adeus às Bibliotecas", do jornalista da Época Luis Antônio Giron teve uma repercussão bastante negativa na classe dos bibliotecários. Aqui, um contraponto. (M.V.)"Este texto é a minha resposta pessoal para a nota que li do Luís Antônio Girón, Dê adeus às bibliotecas, publicado em 15/05/2012 na revista Época Online.
O título é um pedido difícil de ser cumprido, até mesmo para o autor: “Dê adeus às bibliotecas”. É imperativo: dê adeus, despeça-se e logo! (Importante notar que, ao final do texto, ele diz que tem a intenção de dizer adeus, mas que, efetivamente, não consegue. E não diz. Sim, é difícil)
Recebi o link na terça mesmo, mas não achei o que o buzz em torno do texto seria tanto. Nessas circunstâncias, o diálogo com bibliotecários é quase sempre tão inviável devido à toda a balbúrdia, que muitos que têm uma opinião levemente distinta da maioria acabam desistindo dele. Mas eu ainda não desisti, mesmo lendo mais uma matéria que coloca do dedo na ferida da biblioteconomia brasileira. Enfim…
Esse texto terá duas partes. Na primeira, responderei o que mais me inquietou no texto do Luís. Na segunda, tentarei argumentar com as reclamações que li dos bibliotecários, referentes ao texto.
Leiam o que eu tenho a dizer por sua própria conta e risco.
É fácil recair no estereótipo, na ‘descortesia típica’, nutrida por anos a fio, advinda de um ensino formal tipicamente tecnicista (e ninguém pode negar isso), voltado mais para a organização e preservação de acervos do que para as pessoas. É isso o que somos, ainda, em nosso “núcleo duro”, de fato. Mas isso está mudando, a passos de formiga, mas está (sejamos otimistas, né?). Bibliotecários estão se vendo obrigados a ser cada vez menos técnicos e mais sociais e sociáveis. Quanto a qualquer adjetivo referente aos bibliotecários do passado, eu me abstenho: vivo o hoje e sou outro tipo de profissional. Ao menos isso não mexe mais com meus brios.
Confesso que fiquei bastante chocada quando a suposta bibliotecária te disse “Por que não consultou o catálogo pela internet?”. Você definitivamente teve um dia de azar ao se deparar com alguém tão pouco profissional em um ambiente que ainda lhe é tão caro.
Quanto aos volumes raros Luís, eles não são ocultados, mas preservados. E de fato é simplesmente uma norma: não realizarmos o empréstimo deste tipo de material tão especial. Sim, somos chatos e respeitamos as normas, na maioria das vezes, sempre que possível – isso ainda faz parte da nossa profissão. Quanto a políticas específicas de digitalização para este acervo mais que especial, qualquer movimento nesse sentido exige um budget um tanto quanto alto eu diria, ou seja, isso não é viabilizado com tanta facilidade (embora seja muito interessante). Sim, as coisas são um pouquinho mais lentas e mais difíceis de se conseguir do que imaginamos – ainda mais quando se trata de bibliotecas públicas brasileiras (...)."
Leia mais:
(do blog Index-a-Dora, da bibliotecária Dora Garrido.)
Enviado por Teresa Silva.
Gente vamos mandar a Dora trabalhar e sair das redes sociais. Ufa! Cansei!
ResponderExcluirBarbara
O exercício do pensamento livre e crítico deveria estar presente em todas as esferas da sociedade. A discussão sobre a matéria, a meu ver, é positiva e merece ser tratada como um raro momento dialético, ao qual muitos não estão acostumados. Textos bons ou ruins, o que importa é a reflexão que proporcionam. Parafraseando Voltaire, se não me engano, "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dize-las."
ResponderExcluirApesar de eu não ter gostado do que o cara da Época escreveu culpando a má qualidade das informações das revistas semanais, a Dora tem sua razão. O mau atendimento nas bibliotecas ainda acontece muito, e está mais perto de nós do que se imagina.
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