quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dica de Leitura: O Cortiço (Aluísio Azevedo)

É senso comum que o realismo foi a mais brilhante da literatura brasileira, muito por conta da genialidade de Machado de Assis. Mas não foi só o bruxo do Cosme Velho produziu obras brilhantes nessa época. Um dos exemplos de um clássico desse período do final do séc XIX e início do séc XX - também referido como "naturalista", estilo que caminhou intrinsecamente junto ao realismo é O Cortiço (1890) de Aluísio Azevedo.

Neste romance que marca o naturalismo no Brasil, os personagens principais são os moradores de um cortiço no Rio de Janeiro, precursor das favelas, onde moram os excluídos, os humildes, todos aqueles que não se misturavam com a burguesia, e todos eles possuindo os seus problemas e vícios, decorrentes do meio em que vivem. O autor descreve a sociedade brasileira da época, formada pelos portugueses, os burgueses, os negros e os mulatos, pessoas querendo mais e mais dinheiro e poder, pensando em si só, ao mesmo tempo em que presenciam a miséria, ou mesmo a simplicidade de outros.

Aluísio Azevedo, embalado pela onda científica, escreve 'O Cortiço' sob a égide do determinismo (o meio, o lugar, e o momento influenciam o ser humano) e da teoria da evolução de Darwin. Sob aspectos naturalistas, isto é, sob olhar científico, a narração se desenvolve em meio a insalubridade do cortiço, propício à promiscuidade, característica do naturalismo. Ao contrário do que se desenvolvia no romantismo, Aluísio descreve o coletivo, explicitando a animalização do ser humano, movido pelo instinto e o desejo sexual, onde inaugura uma classe nunca antes representada: o proletário, evidenciando a desigualdade social vivenciada pelo Brasil, juntamente com a ambição do capitalismo selvagem.

Não obstante a crueza de sua linguagem e de sua temática, a história do português João Romão e da negra Bertoleza, entre outros personagens impressionantemente bem construídos, arrebata o leitor. A personificação do cenário e o uso extenso de metáforas zoomórficas são outras características que entranham na leitura, que mesmo sendo sobre uma história cruel e sórdida, é absolutamente saborosa.

Este livro está disponível nas bibliotecas Comunitária, CAP/A, CAP/B, CEH/B e CEH/C.

Enviado por Marcos Vasconcelos.

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