A Memória da Ciência não é um tema fácil porque abarca todas as ciências e, em cada uma delas, existem infinitos aspectos a serem considerados, tanto no universo da arte que evoluiu para ciência; quanto no da ciência que se subdividiu, multiplicando-se em distintas abrangências. No Livro raro, a ciência é multifacetada, é novidadeira, tem abordagens que não fazem distinção entre o científico e o literário, entre ciência e fantasia. Então, uma dessas abordagens foi escolhida para a Exposição: um bestiário de figuras extraordinárias, descritas como manifestações monstruosas em suas representações iconográficas no Livro Raro.
A variedade dessas descrições e representações (monstros heráldicos, mitológicos, lendários, hipotéticos ou avistados por enfáticas testemunhas) evidentemente não está esgotada nesta Exposição, porque ainda há muito a desvelar.
O tema, aparentemente banal, requereu a busca em diferentes registros de distintas áreas de conhecimento (Medicina, Relatos de Viagens, História, Geografia, Poesia, Biologia, Biografias, Estudos da Natureza, Ecologia e Biodiversidade), oferecendo 16 livros e 12 imagens, dos séculos XVI a XIX, sobre criaturas cuja existência é sugerida, sobre animais fabulosos e sobre pessoas com anomalias que eram interpretadas como monstruosidades – a maioria de significativa ocorrência no imaginário popular.
Os registros imagéticos memoriais revelaram que muito do que vemos hoje e que pensamos ser resultado de mentes criativas é, na verdade, produto da pesquisa no Livro Raro. Por isso, não seria exagero afirmar que a pesquisa do Livro Raro, qualquer que seja o tema, nunca é simples, jamais é inocente e, acima de tudo, é sempre surpreendente.
Ana Virginia Pinheiro
Chefe da Divisão de Obras Raras
Enviado por Eliane Prata.
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