sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Patrimônio de bibliotecas sofre na mão de usuários

A falta de educação pode acabar com um dos maiores patrimônios da Universidade Federal do Espírito Santo. Veja na reportagem de André Junqueira.

Na estante, em uma das bibliotecas da Universidade Federal do Espírito Santo, tem histórias de horror para quem trabalha com educação. Os livros são vítimas. O vilão, os próprios usuários. O descuido acontece a todo momento.

Acontece de tudo. O livro levado para casa voltou com uma mordida de cachorro. O tratado de medicina foi usado como guarda-chuva. Quem fez isso se protegeu da água, mas deixou o livro empenado e páginas coladas umas nas outras. Foram alunos, que vão ter que pagar o prejuízo.

"A cada semestre, ele tem que fazer nova matrícula. Então ele é bloqueado enquanto tiver alguma pendência com o sistema da biblioteca", avisa Arlete Franco, diretora da biblioteca.

Os livros também sofrem com ataques inexplicáveis. O romance perdeu a graça com páginas rasgadas. Do livro de direito, páginas foram arrancadas. E na publicação de filosofia, o que é mais importante? Praticamente tudo foi riscado com caneta marca texto. Em outras bibliotecas ligadas à universidade, mais livros que não resistem ao descaso.

“Toda semana a gente manda pelo menos 10 livros para a restauração”, conta a bibliotecária
Genaide Gozi.

Fiscalizar todos que entram na biblioteca é praticamente impossível. Por aqui, passam todo dia, mais de duas mil pessoas. Não é difícil encontrar nas prateleiras livros só com a capa e a contracapa. O conteúdo inteiro foi levado embora. A capa ficou junto com o adesivo que aciona o alarme na saída. Outros livros foram levados do mesmo jeito.

Na sala de conserto, tem trabalho todo dia. Há anos Vera faz isso. Não consegue se acostumar.

Há anos, a universidade faz campanhas. Há anos, o problema persiste. Quem não se importa, pode prejudicar estudantes como Lucas. Muito do que o futuro administrador precisa ler, ainda não está disponível na internet.

"Eu sou uma pessoa que se dependesse para comprar livro na livraria, não teria condição", diz.

Hoje, quase dois mil livros da Universidade Federal do Espírito Santo estão fora de uso e devem ser restaurados.

Link para o vídeo da matéria

Por Ana Cristina da Silva

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