terça-feira, 25 de maio de 2010

Biblioteca comunitária carioca é exemplo em reportagem sobre valores.



Uma pesquisa feita pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostra os valores que os brasileiros consideram mais importantes.

"Era uma vez um homem muito rico e viúvo, que vivia em companhia de sua única filha. Ela era uma linda menina de coração muito bondoso". Um conto de fadas. A oportunidade de conhecer um mundo novo em um bairro pobre da Zona Oeste do Rio. Em um lugar onde faltam saneamento e opções de lazer para as crianças, uma dona de casa realizou um sonho antigo. A inspiração veio de uma professora de português e Valquíria montou uma biblioteca comunitária.

“A escola não tinha biblioteca. Ela emprestava livros e eu tinha o compromisso de ler, preservar os livros e ainda emprestar para outras meninas. E aí foi o começo”, explicou a dona de casa Walkíria da Costa.

Tia Val, como é chamada na biblioteca, cedeu a própria casa. Um ano depois, já são mais de dois mil títulos - doações que atraem até quem ainda não sabe ler.

O bem-estar das pessoas que estão perto da gente é o principal valor dos brasileiros, de acordo com uma pesquisa feita pela ONU, em todo o país. O bem-estar da humanidade e da natureza é o segundo. Depois vem a segurança e a autodeterminação. O interesse pelo poder aparece em último lugar em uma lista de dez itens, onde os brasileiros mostram como se vêem, e não necessariamente como estão agindo.

Quem tem a responsabilidade de ensinar esses valores? Para os pesquisados, a família em primeiro lugar. E, depois, a escola.

“A preocupação maior, hoje, do brasileiro é uma preocupação com estabilidade social. Talvez o reflexo da desestruturação que a gente percebe em várias instituições que nós temos no Brasil, como a família”, disse Flávio Comim, coordenador do relatório PNUD/ONU.

A pesquisa mostra ainda que os brasileiros estão preocupados com um problema - uma ameaça a esses valores: a violência, que para 90% dos entrevistados não para de crescer. E não é só a violência praticada por bandidos, criminosos. Mas também aquela que acontece no dia a dia, no trânsito, na escola, em casa, na relação com os vizinhos.

“Às vezes, sem motivo nenhum, uma pessoa agride a outra com palavras, com olhares”, disse o taxista Rodrigo Barbosa.

A violência, em todas as suas formas, quase destruiu uma escola pública no Conjunto e Favelas do Alemão, no Rio, até a chegada de uma diretora que resolveu enfrentar a situação. O primeiro investimento foi na reforma do prédio. Depois, ela identificou os alunos problemáticos. Hoje, sabe de cor o nome de todos os mil estudantes.

“O primeiro grande passo da escola, do nosso compromisso de educadores é fazer com que os meninos sonhem, possam sonhar e o passo seguinte é orientar para que esse sonho seja realidade”, disse a diretora da escola, Márcia Correa.

(Do Jornal Nacional, 24 de maio de 2010.)

Enviado por Marcos Vasconcelos

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