terça-feira, 22 de maio de 2012

A cultura da crítica

Eu acredito que só critica quem tem boa auto-estima. E prezo muito quem sabe exercitar a crítica direcionada ao mesmo tempo em que aceita ser criticado. Quem não aprendeu isso bullinando ou sendo bullinado no jardim da infância, vai aprender tarde. E daí, pode ser tarde demais para lidar com a cultura da crítica.

O xilique mais recente no mundo bibliotecário gira em torno do artigo “Dê adeus às bibliotecas“, que eu pessoalmente acho que contêm nada além de verdade quanto ao seu relato. No caso particular deste texto, me parece que a controvérsia gira em torno da confusão bibliotecária entre o público e privado (típico do brasileiro cordial, para bem ou para mal) e de interpretação do texto.

Um dos problemas essenciais da crítica é que ela exige uma carga de comparação. Só é capaz de criticar algo com consistência quem tem a habilidade de avaliar o melhor e o pior em uma escala de criticismo.

Sempre me pareceu que aos bibliotecários falta um pouco do senso de comparação (ou em termos técnicos, de benchmarketing) para entender que muitas vezes o teor da crítica diz muito mais a respeito do que se deseja e o que poderia ser, do que uma crítica aberta descompromissada.

Eu que eu sou notoriamente reconhecido por críticas ácidas direcionadas às bibliotecas (e consequentemente aos profissionais que nelas se encontram) procuro sempre me posicionar de forma participativa na resolução da própria crítica, quando negativa, e evidenciar as boas práticas, quando a crítica é construtiva. O mundo não funciona assim?

Mas as critícias sempre aparecem (a propósito, recentemente fui criticado em uma mensagem privada pelo pesquisador do IBICT Miguel Angel Arellano por eu ter criticado o SEER, comparando-o a um outro modelo de editoração acadêmica, com dizeres do tipo “que tipo de cientista você é? que comentário mais besta”) e temos que saber lidar com elas. E mais ainda, quando nós formos os alvos da crítica, saber ouvir e nos preocupar em atender.

Por que não há crítica realmente fundamentada que seja inconsistente. Eu nunca vi.

Para todos os outros casos, leiam esse texto, Zen e Arte da crítica construtiva, que eu fiz questão de traduzir como a minha contribuição à todo o bate-cabelo do artigo da Época.

Quem busca o melhor não vai se dar por satisfeito. E tô com a Dora e não abro.

(por Moreno Barros, do site Bibliotecários sem Fronteira.)


Enviado por Ana Pitança.

2 comentários:

  1. Não se trata aqui de estar de um lado ou de outro, afinal o Sr. Moreno está se sentindo um bibliotecário especial, um dos poucos capazes de entender e ensinar como se entende críticas, aliás a Sra Dora também faz muito bem isso. O que percebo depois de ler esse artigo é que nem Moreno, nem eu e nem a Dora somos donos da verdade, e muito menos o Sr. Giron, agora esse por escolha do ofício tem compromisso com ela. Todos temos o direito de pensar, refletir, imaginar, sonhar, amar etc da maneira que acharmos melhor.

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  2. Concordo com você Ester. Daqui a pouco teremos um psicólogo a analisar esses artigos. A auto estima está em alta, todos querem falar mais bonito que o outro. E cá para nós o que é crítica fundamentada? É o que eu faço ou o que o Moreno e a Dora fazem? Claro que acabamos na subjetividade. Francamente se escrevem o que querem cada um critica como quiser.

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